Setembro Amarelo: Médicos alertam população sobre a importância de se prevenir contra o suicídio
Os médicos brasileiros estão com uma campanha na internet, com foco nos canais de redes sociais, com o objetivo de chamar a atenção da população sobre a importância da prevenção ao suicídio. A ação, inserida no escopo do Setembro Amarelo (mês dedicado ao tema), mostra que milhares de mortes poderiam ser evitadas, caso o paciente com transtornos mentais, em especial quadros de depressão, recebessem o adequado atendimento nos serviços de saúde.
Segundo o Ministério da Saúde, o suicídio no Brasil é responsável por mais mortes do que a AIDS e faz mais vítimas do que vários tipos de câncer, sendo a segunda maior causa de mortes na faixa de 15 aos 29 anos, atrás apenas dos acidentes de trânsito. Em 2011, foram 10.490 mortes: 5,3 para cada 100 mil habitantes. Já em 2015 o número chegou a 11.736: 5,7 a cada 100 mil, segundo dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). A incidência é maior entre os homens, que representam 79% do total de óbitos.
Especialistas – A iniciativa da campanha é mais um desdobramento de parceria firmada entre o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), que disponibilizam material para leitura e divulgação no endereço eletrônico www.campanhasetembroamarelo.com.br. Todas as peças foram desenvolvidas sob a supervisão de especialistas no assunto e podem ser reproduzidas gratuitamente.
Dentre as peças disponibilizadas, destaque para uma série de vídeo, onde psiquiatras prestam esclarecimentos e orientações sobre o tema. “Tenha um papo aberto. Se perceber algo estranho, converse com a pessoa”, aconselha Frederico Garcia. Após essa conversa, a pessoa deve ser orientada a procurar tratamento, acrescenta. “Num primeiro momento, ela pode até abandonar a ideia do suicídio, mas a doença continuará lá. É preciso tratá-la”, explica Fátima Vasconcellos.
Depressão – Por sua vez, as peças que podem ser distribuídas pelas redes sociais enfatizam a necessidade de as pessoas ficarem atentas aos sinais de depressão apresentados por aqueles que convivem em seu círculo próximo (parentes, amigos, colegas de trabalho), incentivando-as a procurar a ajuda de um médico especialista. “Você não está sozinho”, enfatiza uma das mensagens.
Como parte do esforço, o CFM e a ABP oferecem acesso à cartilha “Suicídio: informando para prevenir”, destinado aos profissionais da saúde. O documento, produzido em 2014, é um dos mais procurados por interessados em se mobilizar contra o problema. O lançamento dessa publicação aconteceu há quatro anos, quando o Setembro Amarelo, que já era realizado em outros países, passou a existir no Brasil.
A data principal desse período é 10 de setembro, considerado o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Ao longo do mês, o CFM e a ABP utilizam todos os seus veículos de comunicação (jornal, boletim e site) para esclarecer a população e orientar onde se pode encontrar ajuda. A intenção é desmitificar a cultura e o tabu em torno desse tema e auxiliar os médicos a identificar, tratar e instruir seus pacientes.
Transtorno – Segundo a ABP, cerca de 96,8% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias. Para o CFM e a ABP, é importante fazer o diagnóstico correto dos pacientes para que o tratamento comece o mais cedo possível, o que pode ajudar na redução das mortes por suicídio.
Para o coordenador da Câmara Técnica de Psiquiatria do CFM, Salomão Rodrigues, é possível prevenir o suicídio, desde que os profissionais de saúde de todos os níveis de atenção estejam aptos a reconhecer os fatores de risco presentes e que as autoridades desempenhem seu papel neste processo. “Estamos com índices muito altos, são 12 mil suicídios por ano no País, apenas de dados oficiais, pois em muitas regiões o suicídio não é devidamente notificado pelas autoridades de saúde”.
Segundo Rodrigues, ao identificar alguém com risco de suicídio, a pessoa deve encaminhá-lo ao médico psiquiatra o mais rápido. “A existência de risco de suicídio é uma urgência psiquiátrica, assim como uma dor torácica é uma urgência cardiológica ou uma crise convulsiva é uma urgência neurológica”, alertou o conselheiro.
Com informações do Portal CFM